8 de dez. de 2014

Por uma Igreja Ministerial

Por uma Igreja Ministerial


Um dos principais objetivos do Jornal “Cultura Vocacional” é falar de Vocação em todos os meses do ano e em todos os dias da semana, não apenas (e com certa insistência) no mês de Agosto. Queremos falar de Vocação num sentido amplo e não apenas como chamado para ser padre ou religiosa (freira).
Antes, pensava-se que existiam alguns textos bíblicos mais vocacionais que outros. Hoje, porém, percebemos que toda a Bíblia é Vocacional!
É neste sentido que refletiremos sobre a Igreja presente no mundo, como Povo de Deus a caminho, vivendo numa situação histórica, num contexto sociocultural.
A Igreja e os cristãos não estão fechados numa redoma de vidro, mas sofrem as influências e consequências de uma Cultura.

O que é, então, a Cultura?
A Cultura é o ar que respiramos. Todos nós estamos imersos numa cultura. Durante as vinte e quatro horas do dia, ouvimos, vemos, cheiramos, sentimos, sonhamos com a realidade que nos circunda, que nos envolve, e na qual estamos submersos. Do mesmo modo que, quando mergulhamos na água perdemos a sensação de que estamos molhados, por vezes, não percebemos o bombardeio que sofremos diariamente pelos meios de comunicação e pela mentalidade atual.
E qual é a Cultura que respiramos? O papa Francisco pediu para os católicos combaterem as formas de pobreza no mundo: “Combater a cultura da morte, não só trabalhando para garantir os direitos humanos fundamentais, mas também buscando levar o amor misericordioso de Cristo como um bálsamo que dá vida àquelas novas formas de pobreza e fragilidade”.
Sabemos que, para os jornais e a TV, a notícia boa, aquela que vende e dá audiência, é a notícia ruim: acidentes, catástrofes, guerras...
Existe muita coisa boa presente no mundo, muitos sinais do Reino de Deus, mas estes não fazem barulho e não dão audiência.
Na missa com o clero e os religiosos presentes na Jornada Mundial da Juventude, no dia 27 de julho, o papa Francisco falou sobre a Cultura do Encontro: “O encontro e o acolhimento de todos, a solidariedade (...) e a fraternidade são elementos que tornam a nossa civilização verdadeiramente humana. Temos de ser servidores da comunhão e da Cultura do Encontro”. Na sua primeira Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, o papa defendeu a Cultura do Encontro como “a única capaz de construir um mundo mais justo e fraterno, um mundo melhor”.
Nesse sentido, Vocação tem tudo a ver com a Cultura do Encontro. Uma Igreja Ministerial promove a Cultura Vocacional.
A Vocação, o Chamado é o encontro entre duas liberdades: a de Deus, perfeita, e a do ser humano, imperfeita. Como vemos na parábola do semeador (Lc 8, 4-15): Deus é o semeador generoso e insistente, e o homem é o terreno frequentemente infecundo e pouco acolhedor. A vocação é dom de Deus que segue a lógica transbordante do cem por um, mas que apresenta a possibilidade de se rejeitar o chamado.
Deus chama a todos. O semeador semeia em todo lugar. Chama até os que responderão negativamente: a estrada, as pedras, os espinhos.
É esta a Cultura que queremos promover e incentivar. A Vocação é a vida que se faz serviço, dom, gratuidade. Nós, cristãos, não somos funcionários de Deus. Ele não é nosso patrão. Somos seus filhos amados! É esta certeza que nos enche de Alegria.

No próximo mês falaremos sobre a origem e o objetivo do Mês Vocacional.

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